De fato, a estupidez (de alguns) não conhece limites… deputado do distrito federal acusa escola de ensinar “magia e religião afro” em aula optativa
Foto – redes sociais
É muito preocupante ver um deputado eleito pelo povo, que recebe salário pago pelo povo, e que DEVERIA defender os direitos do povo que o elegeu (que diga-se, não é mais apenas o grupo de eleitores que votou nele, mas toda a coletividade), usando redes sociais para disseminar ódio, propagando discurso arcaíco, preconceituoso e totalmente estúpido.
Mas claro, como sempre convém à esta estirpe, “abrigado sob o sagrado manto da imunidade parlamentar“, como se tal instituto fosse uma espécie de autorização para cometer crimes.
Foi exatamente o que aconteceu recentemente no Distrito Federal, o deputado Pastor Daniel de Castro (PP), de forma criminosa, usou da prerrogativa de parlamentar para atacar uma professora por… cumprir a lei!
Em vídeo publicado nas mídias sociais, o deputado afirmou ter denunciado a professora ao Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) por “fazer rituais de magia em sala de aula”. “Estou fazendo uma representação junto ao MP agora, inclusive com áudios e vídeos em que essa professora incute na cabeça das crianças uma religião afro e as leva a falar nomes e cultuar essas entidades. Isso é um crime”, declarou.
Acontece, caro deputado, que como já demonstrou a repercussão que sua fala grotesca causou nas redes sociais, o senhor sim foi quem cometeu crime, fato inadmissível para um parlamentar que deveria nortear sua conduta e atuação respeitando as diferenças de um país continental que expressa uma multiplicidade cultural e étnica, e que foi forjado sob a dor e o sofrimento daqueles que o senhor, mais uma vez, agride, desta vez não com o chicote dos feitores de uma época de Brasil colônia do passado, mas com algo muito pior e com consequências mais desastrosas, o chicote da ignorância, da estupidez e da covardia, arma esta que em tempo de mídias online transborda os limites da senzala imaginária de seus delírios e atinge milhões de brasileiros.
Será mesmo possível acreditar que pode um deputado estadual/distrital desconhecer as leis federais que norteiam a educação brasileira? Será apenas burrice mesmo, e então ele deveria ser expurgado da casa legislativa por absoluta inaptidão para a função, ou, estamos diante de mais uma narrativa premeditada para, ao abrigo da imunidade parlamentar, perpetuar as práticas de atacar, agredir, pisotear chicotear a fé e a cultura de um povo? Neste caso, o lugar certo para este imbecil igualmente não deve ser a casa legislativa, mas sim um presídio.
Não posso deixar de me perguntar: Será que o ilustre parlamentar teria a mesma preocupação se por acaso a educadora estivesse, com a mesma imparcialidade, passando aos alunos informações sobre a bíblia cristã?
Após a repercussão do vídeo, a Diretoria do Centro Educacional do Lago (CEL) divulgou uma nota de repúdio contra as declarações do deputado:
“Na última semana, um deputado distrital publicou gravação sem autorização de atividades do Centro Educacional do Lago e teceu uma série de ataques, acusações caluniosas, racistas e de intolerância religiosa contra servidores públicos no exercício de suas atribuições. Tal afirmação não é apenas inverídica – uma vez que que ‘rituais de magia’, conforme dito pelo deputado, não acontecem nessa escola –, mas também expressa um preconceito contra as religiões de matriz afro-brasileira”, ressaltou a escola, por meio da nota.
Os gestores do CEL acrescentaram que o conteúdo ministrado pela professora está “em total conformidade com as diretrizes educacionais estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF)”. Além disso, enfatizaram que o conteúdo do currículo “segue rigorosamente” as leis nº 10.639/2003 e nº 11.645/2008, “que determinam a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira e indígena nas escolas”.